quinta-feira, 4 de junho de 2009

Feyerabend e a astrologia

por Cristina de Amorim Machado

No sábado, dia 6 de junho, vou falar sobre as relações entre ciência e astrologia à luz das ideias do filósofo da ciência Paul Feyerabend (1924-1994), no 3o. Circuito Nacional de Astrologia do CNA:

Já apresentei este trabalho em 2006, no Simpósio do SINARJ, e o artigo foi publicado no mesmo ano na Constelar: http://www.constelar.com.br/constelar/109_julho07/feyerabend1.php.

Decerto alguns já tiveram a oportunidade de testemunhar a minha animação falando do moço, quiçá já leram o artigo ou até mesmo a minha dissertação. Não vou aqui repetir nem um nem outro, vou apenas compartilhar com vocês algumas imagens que exibirei na palestra, aproveitando é claro para fazer alguns comentários.



Esta é a capa do livro que contém o artigo que mais interessa aos astrólogos: "O estranho caso da astrologia". Nesse artigo, Feyerabend comenta o manifesto contra a astrologia, assinado por vários cientistas nos anos 70. Ele lamenta a argumentação dogmática do grupo e aproveita para alfinetar as suas concepções positivistas, eurocêntricas, preconceituosas e equivocadas. Apesar de ser simpático à astrologia, como a qualquer outro sistema de pensamento, Feyerabend não ignora os seus problemas. Esse artigo foi publicado também no Science in a free society.

Este é o último livro de Paul Feyerabend, publicado alguns anos após a sua morte. É resultado de um trabalho minucioso de sua esposa, Grazia Feyerabend, e de seu amigo e editor, Bert Terpstra. Sob direção de uma ex-orientanda de Feyerabend, a professora Anna Carolina Regner, este livro foi traduzido para o português e publicado em 2006 pela editora da Unisinos. A conquista da abundância é, como anuncia o subtítulo, "uma história da abstração versus a riqueza do ser". Para isso, ele fala até de Parmênides e cia. ltda. Em toda a sua obra, Feyerabend grita pela abundância, pela criatividade humana, pela não-pasteurização da prática científica em função de metodologias, estruturas ou esquemas conceituais engessantes. Ele é um pluralista teórico, metodológico. Também se autodenomina anarquista epistemológico ou dadaísta.
Deste pequeno grande livro, Diálogos sobre o conhecimento, composto por dois textos, destaco um, "Fantasia platônica". Trata-se de um diálogo, nos moldes de Platão, mas atualizado para uma sala de aula contemporânea, uma turma de Teoria do Conhecimento numa célebre universidade. O interessante é que a turma está estudando o Teeteto, de Platão, então Feyerabend aproveita para fazer filosofia da ciência, falar de ciência contemporânea, mas a partir dos problemas já propostos por Platão. Imperdível!

Esta é a autobiografia do moço, que morreu escrevendo; a última página foi escrita pela esposa. Matando o tempo, além de ótima leitura, é também o significado do nome Feyerabend. Curiosa é a descrição que ele faz da primeira aula que assistiu do Popper, era um curso sobre método científico. Sir Karl Popper, talvez o filósofo da ciência mais conhecido e respeitado, cuja principal obra é justamente sobre método científico, A lógica da pesquisa científica, começa sua primeira aula dizendo que lamenta, mas que não existe método científico (p.96).

Este é o clássico de Feyerabend: Contra o método. Esgotado até recentemente, mas nova tradução foi feita, já com base na última edição revista por Feyerabend, e publicada no Brasil em 2007 pela Editora Unesp. O título é polêmico, rendeu-lhe muitos mal-entendidos e críticas, ele faz comentários interessantes sobre essa obra na sua autobiografia, inclusive que se arrependeu de escrevê-la. Controvérsias à parte, vale a pena mergulhar no seu "vale tudo".

Esta edição parece interessante, porque junta textos de Lakatos e Feyerabend. Vale lembrar que o Contra o método, como diz Feyerabend na introdução, foi escrito de maneira incisiva para receber a resposta ainda mais dura de seu amigo, o também filósofo da ciência Imre Lakatos, numa publicação conjunta. Seria um duelo entre o racionalista popperiano Lakatos e o anarquista metodológico Feyerabend. No entanto, Lakatos morreu antes de completar sua missão.

Os dois primeiros desta foto, da esquerda para a direita, são Thomas Kuhn e Paul Feyerabend. Essa é a confraternização da filosofia da ciência nos anos 60 e 70.

Não é que o cara era charmoso? Pelo título, vemos que ele continua sendo o enfant terrible da filosofia da ciência.

Será que está contemplando as ideias? Acho que não...

O sorriso maroto

O coroa Feyerabend com seu gorrinho simpático


O moço Feyerabend nos seus tempos de galã

Lavando louça: a foto preferida do filósofo

É ou não é um enfant terrible?

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