por Cristina de Amorim Machado
Na semana que vem vou para Ouro Preto apresentar um trabalho no Encontro de Tradutores que vai rolar na Universidade Federal de Ouro Preto. Quem quiser saber mais sobre o evento, o site é http://www.nastrilhasdatraducao.ufop.br/.
Minha comunicação será sobre alguns personagens da expansão marítima que, além de astrôlomos, eram também tradutores. O título do artigo é "A tradução de textos científicos no período da expansão marítima, uma história em construção". Compartilho agora com vocês um pouco da apresentação que acabei de preparar.
As principais áreas traduzidas eram a geografia e a astrolomia, tendo em vista a demanda por esses saberes que instrumentalizavam a empreitada expansionista.
Já falei em outras postagens por que estou usando os termos "astrolomia" e derivados, mas não custa nada repetir mais uma vez que estou propondo esse termo para significar o amálgama entre astronomia e astrologia que havia desde a antiguidade até o advento da ciência moderna. Resumidamente, alguns dados sobre os nossos personagens:
1) o astrôlomo salmantino Abraão Zacuto, que preparou em hebraico o reconhecido Almanaque perpétuo, cujas tabelas de posições planetárias, em suas versões latina e castelhana, feitas pelo também astrôlomo José Vizinho, informaram Vasco da Gama e várias gerações de navegadores e astrôlomos portugueses;
2) o astrôlomo João Faras, primeiro a descrever a constelação do Cruzeiro do Sul, que, além de ser o responsável por um dos únicos três documentos que testemunham o achamento do Brasil, também traduziu do latim para o castelhano a obra De situ orbis, de Pompônio Mela (século I), na qual Duarte Pacheco Pereira se baseou para escrever o Esmeraldo de situ orbis, onde encontrei pela primeira vez o termo “astrolomia”;
3) o matemático e cosmógrafo Pedro Nunes, que, além de uma vasta obra de sua própria autoria, traduziu para o português alguns textos importantíssimos na época, como o Tratado da esfera, de Sacrobosco (século XIII) e a primeira parte da Geografia, de Ptolomeu (século II); e
4) André do Avelar, sucessor de Pedro Nunes na Cátedra de Matemática da Universidade de Coimbra, que escreveu o Reportório dos tempos, considerado por alguns como tradução de um repertório espanhol anterior, escrito por Jerônimo de Chaves.
De Salamanca a Lisboa e Coimbra, esses notórios astrôlomos da história da ciência no período da expansão marítima inscrevem-se definitivamente na história da tradução.





2 comentários:
muito interessante sua apresentação!Beijos e sucesso!
Muito interessante suas descobertas!Sucesso na sua apresentação em Ouro Preto!
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